12 maneiras de ajudar os alunos a identificar suas emoções
Atividades simples, que podem ser incluídas no dia a dia da escola, apoiam estudantes de diferentes etapas a observar e entender seus sentimentos
A habilidade de identificar emoções em si mesmos e nos outros, falar sobre elas e encontrar maneiras de lidar com esses sentimentos de forma apropriada é uma competência importante, intimamente ligada aos resultados acadêmicos. É o que defende Maurice Elias, professor de psicologia na Universidade Rutgers, em Nova Jersey (EUA).
Embora haja uma ênfase maior nas questões de educação emocional no ensino fundamental, quando as crianças chegam ao ensino médio, elas estão “descobrindo quem são e como querem se apresentar ao mundo”, diz Phyllis Fagell, conselheira de ensino médio e autora do livro “Middle school matters” (“O ensino médio é importante”, em tradução livre). É durante esses anos de transição e formação que os estudantes – com cérebros ainda em desenvolvimento e as oscilações emocionais que vêm com a adolescência – precisam de ferramentas para entender e lidar com sentimentos complexos. Phyllis argumenta: “o resultado é que as crianças estarão realmente no estado mental certo para aprender o conteúdo”.
Uma maior consciência de seus próprios mundos emocionais internos – e também dos mundos emocionais dos colegas – se traduz diretamente em uma melhor compreensão do conteúdo, escreve Maurice. Entender a literatura, por exemplo, requer a compreensão dos sentimentos e emoções dos personagens, enquanto transformar a história de um conjunto de “informações áridas e desconexas” em algo interessante e envolvente requer “a compreensão do que as pessoas envolvidas nesses eventos estavam e estão experimentando”.
Aqui estão 12 estratégias sobre educação emocional, abrangendo diferentes etapas escolares, para ajudar os alunos a identificar e falar sobre o que estão sentindo.
Educação emocional nas séries iniciais
Nas séries iniciais, Maurice Elias escreve que os estudantes ainda estão se familiarizando com seus mundos emocionais, com a vasta gama de emoções que são capazes de sentir e como dimensionar suas respostas a tais sentimentos. Nessa idade, ele argumenta a favor do desenvolvimento de um vocabulário “estratégico” que os alunos possam usar. “Se alguém só conhece as palavras triste, zangado e feliz, não será capaz de apreciar todas as nuances dos relacionamentos e da compreensão no mundo”, aponta.
Avalie um problema: Ajude a turma a comparar e contrastar as proporções dos problemas – alguém está lendo seu livro da biblioteca sem permissão versus um membro da família internado no hospital – fazendo com que eles preencham uma planilha de “problemas grandes versus problemas pequenos”. Por exemplo: Anna Parker, professora do ensino fundamental, pede aos alunos que classifiquem os problemas em uma escala de 1 a 5 e reflitam sobre que tipo de resposta cada problema merece. Todos debatem por que gritar ou jogar coisas por causa de um lápis perdido, por exemplo, seria considerado uma reação exagerada. Calibrar as respostas, diz Anna, é algo que ela ensina ao longo do ano, para que os alunos, no momento, pensem em como parar por um segundo e, depois, reagir apropriadamente.
Apoie o vocabulário emocional: Antes de ensinar aos alunos um vocabulário emocional específico, a educadora e líder escolar Kathryn Fishman-Weaver sugere atividades para ajudá-los a explorar sua gama emocional. “Desafie os alunos a pensar em quantos tipos de emoções podem existir. Por exemplo, você pode pensar em 20 tipos de felicidade ou tristeza?” Ou peça aos alunos para usar diferentes emojis e explorar pistas emocionais, o que pode ajudar as crianças a “nomear e distinguir” sentimentos e expandir seu vocabulário emocional.
Ensine como as emoções funcionam: Nas séries superiores do ensino fundamental, os alunos podem se beneficiar de algumas aulas sobre neurociência das emoções como forma de desenvolver a educação emocional, diz Kathryn. Uma compreensão básica desses processos e vocabulário ajuda as crianças a compreender que sentir e pensar não são processos separados.
Visualize emoções: Ferramentas como rodas de emoções, escalas e medidores de humor podem expor os alunos a uma variedade de sentimentos de maneira descontraída – e servir de base para o desenvolvimento do vocabulário emocional. Pendure uma roda de emoções na sala de aula e faça referência a ela durante as tarefas – peça aos alunos que rotulem os sentimentos de um personagem em uma história ou de uma figura histórica que estão aprendendo, por exemplo. Ou use escalas de humor para fazer com que os alunos explorem suas emoções usando imagens de animais ou personagens de desenho animado favorito. Aplicar algumas ferramentas no início da aula ajuda os alunos a sinalizar como estão se sentindo naquele dia; ou recorrer a elas nas atividades de encerramento pode trazer uma ideia de como estão digerindo o que acabaram de aprender.
Indique livros ilustrados: A literatura focada em emoções pode ajudar os alunos a aprender mais sobre os sentimentos e como lidar com eles na forma de uma história envolvente. Debates e atividades ajudam na concentração e nas possibilidades de rotular os sentimentos que aparecem nos livros. “Estejam eles certos ou não, aponte a variedade de maneiras pelas quais os sentimentos são mostrados – diferentes aspectos dos rostos (olhos, sobrancelhas, boca, testa) e posturas”, sugere Maurice Elias.
Crie um espaço acolhedor: Para ajudar os alunos mais jovens a praticar a autorregulação emocional, os professores da Fall-Hamilton Elementary em Nashville, nos Estados Unidos, sugerem criar um “canto da paz” aconchegante na sala de aula. Nesse espaço, os alunos são incentivados a usar estratégias como respirações profundas, exercícios de atenção plena ou ferramentas como escalas de humor para identificar as emoções que estão experimentando.
Educação emocional para adolescentes
À medida que os alunos entram no ensino médio, o ex-professor Ronen Habib sugere adotar estratégias de educação emocional como forma de combater o estresse, a ansiedade e o bullying que muitos estudantes experimentam nessa idade. “Entendemos que [os estudantes do ensino médio] não sabem somar frações, então ensinamos a eles, como deveríamos. Por que assumimos que eles sabem se autorregular?”, questiona.
Promova um círculo de gratidão: Use os primeiros minutos da aula para fazer com que os alunos diminuam o ritmo, avaliem seus sentimentos e emoções e pratiquem a gratidão como forma de se centrarem antes de mergulharem no trabalho acadêmico, sugere Ronen. O educador pede que os alunos se sentem imediatamente após o sinal e escrevam três coisas em seus diários pelas quais são gratos. Depois, eles podem compartilhá-las. “Esses dois minutos estabelecem o que é chamado de ressonância emocional na sala de aula – quando os cérebros estão sincronizados de maneira positiva porque as pessoas estão experimentando emoções positivas juntas”, diz ele.
Faça verificações rápidas: Peça aos alunos que compartilhem rosas e espinhos – o primeiro, para algo positivo que estão sentindo sobre o dia e, o segundo, para sentimentos negativos ou menos positivos. Um espinho pode ser algo simples, como “estou cansado”, exemplifica Alex Shevrin Venet, professora e ex-diretora. Mas os alunos também podem optar por compartilhar algo como “Minha rosa é quando, mesmo que eu esteja estressado, consigo fazer toda a minha lição de casa.”
Uma palavra para compartilhar sobre como se sentem naquele dia é outra atividade simples de verificação. No início, os alunos podem usar palavras como “bom” ou “ruim”, escreve Rebecca Alber, instrutora da Faculdade de Educação da Universidade da Califórnia (EUA). Mas à medida que se sentem mais à vontade e aumentam sua compreensão – e vocabulário – das emoções, eles compartilharão palavras como “pensativo, ansioso, sereno e frustrado”, diz.
Reúna a turma em círculo: Peça a eles para identificar algo que apreciaram naquele dia, uma intuição que tiveram durante o dia ou uma desculpa que gostariam de oferecer. De acordo com Aukeem Ballard, diretor de ensino médio e ex-professor, a breve prática cria “oportunidades diárias para as crianças se conectarem e refletirem”, de maneira que aprofunda significativamente as conexões entre os alunos na sala de aula.
Pratique escuta reflexiva: Para ajudar os alunos a colocar suas emoções em contexto e praticar a escuta reflexiva, peça para eles se expressarem, de maneira alternada, como se sentem, sugere a educadora Julia Richardson.
Os parceiros de escuta devem se concentrar em “refletir a linguagem de seus colegas e lembrar de um momento em que se sentiram da mesma forma, se possível”. A atividade, que Julia usa frequentemente entre os alunos mais jovens, também pode ajudar os adolescentes a desenvolver empatia e colocar seus próprios sentimentos ou dificuldades em contexto – estratégias que podem criar um ambiente de sala de aula mais forte, dissipar discussões e levar a uma maior resiliência.
Conecte-se com cada aluno: Transformar em hábito a verificação regularmente dos alunos pode dar-lhes a oportunidade de verbalizar suas emoções, diz o professor David Tow. Ao cumprimentá-los na porta todas as manhãs, David pergunta a cada um como estão se sentindo naquele dia. Ele presta atenção às respostas dos estudantes, anota-as em sua lista e faz o acompanhamento. “Se eu perceber algum problema, posso perguntar ‘De verdade?’ ou ‘Tem certeza?'”. Essas perguntas dão a chance de se expressarem. Conectar-se com todos os alunos de uma só vez é impossível, é claro. Por isso, David busca o “contato informal individual” uma vez por mês com cada um de seus alunos. Ele também estabelece “horários de atendimento” regulares nos quais os estudantes sabem que podem falar sobre coisas fora da esfera das preocupações acadêmicas.
Aproveite a literatura: Romances e contos podem ser usados para ajudar os alunos a desenvolver “compaixão, compreensão e paciência para pessoas cujas vidas são completamente diferentes das suas”, escreve a ex-professora de inglês do ensino médio Christina Gil. Examinar personagens como Malvolio na peça “Noite de Reis”, de William Shakespeare, por exemplo, dá aos alunos uma ideia de como “classe e nascimento podem limitar a felicidade e a capacidade de obter o que queremos na vida”, diz a professora.
Na escola Pearl-Cohn Entertainment Magnet, em Nashville (EUA), os alunos se reúnem em pequenos grupos de aconselhamento diários para ler romances com temas relevantes para suas vidas e usam as histórias e personagens para iniciar conversas sobre amor, autoridade ou medos, por exemplo. As reuniões, diz a diretora executiva Sonia Stewart, dão aos alunos “a capacidade de enfrentar uns aos outros e ter conversas sobre assuntos significativos”.
* Publicado originalmente em Edutopia e traduzido mediante autorização
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Fonte: Portal Porvir - Andrew Boryga, do Edutopia