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7 estratégias para ajudar alunos sobrecarregados emocionalmente

Alguns estudantes desenvolvem ansiedade em relação às tarefas, mas existem formas de os professores ajudá-los a lidar com esses sentimentos

“Os três aspectos mais importantes da aprendizagem – atenção, foco e memória – são todos controlados por nossas emoções, não pela cognição”, diz o psicólogo  Marc Brackett, pesquisador e diretor fundador do Yale Center for Emotional Intelligence, da Universidade de Yale (Estados Unidos).

Quando os alunos se sentem sobrecarregados por tarefas cognitivas, seus sistemas de resposta ao estresse entram em estados de sobrevivência (luta, fuga ou paralisação), onde ficam literalmente incapazes de acessar o córtex pré-frontal. O córtex pré-frontal é a área do cérebro onde residem e podem ser ativadas nossas funções executivas.

Essas funções executivas são um conjunto de tarefas mentais que nos permitem resolver problemas, tomar decisões, planejar, preparar, regular emoções, manter a atenção e acessar a memória de trabalho. Essa região é ativada quando nos sentimos emocionalmente seguros e conectados em nosso ambiente, mas também precisamos nos sentir competentes ou capazes de  entender como nosso estilo único de aprendizagem ou desempenho acadêmico está sendo visto, compreendido e avaliado.

Quando tarefas, projetos e atividades acadêmicas parecem opressoras, isso pode criar ansiedade, frustração, raiva ou um fechamento no comportamento onde as tarefas nem mesmo são tentadas, juntamente com comportamentos que muitas vezes rotulamos como apáticos, desmotivados, desrespeitosos, oposicionais ou arrogantes.

Impacto em pessoas neurodivergentes

Muitos dos desafios comportamentais que encontramos em nossas salas de aula estão enraizados na sobrecarga cognitiva. Isso fica ainda mais forte para nossos alunos neurodivergentes, cujo funcionamento cerebral é diferente. Essas diferenças se manifestam na forma como processamos informações, prestamos atenção, iniciamos tarefas sozinhos ou nos organizamos. Não se trata de deficiências, mas de distintas variações nos perfis de aprendizagem. 

Muitos de nossos alunos neurodivergentes não conseguem aprender bem por meio de práticas de ensino tradicionais. Eles precisam se movimentar, compartilhar histórias, usar estratégias práticas, utilizar tecnologia e, às vezes, requerem orientação, controle de ritmo, divisão de tarefas e transições com um adulto de confiança.

A corregulação durante tarefas cognitivas é uma prática solidária, afirmativa e validadora que pode aliviar a desregulação causada por avaliações, redações e projetos longos, os quais podem ativar a sobrecarga sensorial, a ansiedade social e o esgotamento acadêmico. 

Abaixo estão algumas ideias para integrar em nossas práticas de ensino, mitigando os estados de sobrevivência que impactam diretamente na relação com o córtex pré-frontal, onde ocorre o aprendizado.

7 maneiras de apoiar alunos 

1. Verificação contínua e previsível. Um toque no ombro, um sorriso caloroso, perguntas rápidas como “Do que você precisa? Como podemos resolver isso juntos?” ou até mesmo proximidade intencional e um tom de voz que diz “Estou aqui, e vamos superar isso juntos” criam uma cultura de sala de aula que valida a colaboração, celebra o esforço e as diferenças, e compartilha nossa presença por meio de uma visão baseada nas forças do aluno.

2. Destaque tarefas que parecem confusas ou difíceis. Essa prática mudou as regras do jogo no meu ensino em sala de aula. Distribuo marca-textos personalizados e, quando os alunos observam como eu os uso para ler trechos difíceis de uma tarefa e me concentro em conceitos que não entendo bem, eles estão mais propensos a pegar o marca-texto e começar a fazer isso comigo. Eu também me sento ao lado de alunos que precisam de mais apoio e sugestões enquanto examinamos diferentes partes do aprendizado que podem criar um caminho mais claro com a cor.

3. Divida as tarefas. Fragmentar significa pegar pequenas seções ou etapas do aprendizado e focar apenas nesses segmentos. Pode ser um parágrafo de abertura, as duas ou três primeiras páginas de um texto, três leituras de vocabulário ou as duas primeiras etapas de uma equação de divisão longa. Trabalhamos esses fragmentos até que os alunos se sintam mais confortáveis para seguir em frente. É uma prática fortalecedora que codifica o novo aprendizado com mais facilidade.

4. Criem juntos as avaliações somativas. Esta é uma das minhas práticas favoritas para aprendizagem mais profunda e para a participação dos alunos. No final de um segmento de aprendizagem, convido os alunos a compartilhar suas ideias para avaliações. Criamos uma folha de inscrição para essa prática – isso porque ela se tornou popular em momentos anteriores.

Eu forneci alguns comandos para essa atividade co-regulatória, como: “O que você acha importante lembrar deste capítulo? Quais conceitos você precisará lembrar no futuro? Qual seria uma maneira justa de nos ajudarmos mutuamente com as etapas que aprendemos? Que tipos de instruções parecem úteis? O que foi difícil de lembrar? Como poderíamos criar uma avaliação justa a partir do que aprendemos e precisamos lembrar?”

5. Faça o papel de “Secretário(a).” Nessa prática, eu sou quem registra os pensamentos ou anotações. É uma ótima maneira de incentivar os alunos a começarem um trabalho escrito quando eles estão paralisados ​​diante de uma folha em branco. Eu começo explicando que eles têm todas essas ideias e pensamentos brilhantes na cabeça, e talvez possamos trabalhar juntos para colocá-los no papel ou no computador.

Começo a escrever enquanto os estudantes  me ditam o que querem dizer. Isso diminui o medo e a ansiedade de encarar um documento do Word, do Google Docs ou uma folha de papel em branco. Lembro a eles que sou apenas o registrador de seus pensamentos.

6. Crie um Mapa. Por meio de um cronograma diário, semanal ou mensal, os alunos e eu podemos decidir em quais partes das tarefas devemos nos concentrar. É possível  criar este cronograma com cores, símbolos e formas para marcar os horários do dia ou os dias da semana à medida que nos aproximamos da conclusão.

7. Torne-o significativo. A maioria de nós aprende melhor quando são usados métodos que enfatizam nossos interesses únicos. Podemos entender um conceito se ele estiver relacionado a esportes, videogames, compras, feriados, histórias, filmes ou nossas paixões e hobbies. Quando aprendemos sobre os interesses dos alunos e observamos como eles integram o aprendizado, podemos incorporar esses interesses no que lhes parece familiar e relevante.

A conexão promove o desenvolvimento do sistema nervoso. Quando fornecemos a segurança emocional por meio da co-regulação que nossos cérebros requerem para acessar as áreas de pensamento e raciocínio (função executiva), estamos participando ativamente do aprendizado de nossos alunos.

*Publicado originalmente em Edutopia e traduzido mediante autorização © Edutopia.org; George Lucas Educational Foundation

Fonte: Portal Porvir - Lori Desautels

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