Como adotar o empreendedorismo social em práticas pedagógicas
Explore recursos, casos práticos e ferramentas para redes e escolas em material exclusivo do Porvir
Nas discussões sobre reforma curricular no Brasil e no mundo, há uma busca por um modelo de educação menos conteudista e mais voltado para o desenvolvimento integral dos estudantes. A integração de conceitos e práticas de empreendedorismo social ao currículo se apresenta como uma estratégia promissora. Essa abordagem tem o potencial de fomentar um amplo leque de competências, capacitando os jovens a enfrentarem os desafios do mundo atual e a se posicionarem como protagonistas de transformações positivas na sociedade.
Para formar jovens que reconheçam o seu potencial de transformação social, os sistemas educacionais devem ser intencionais na hora de redigir os seus documentos curriculares. “Precisamos entender o que deve ser oferecido em termos de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para que os estudantes se sensibilizem com os problemas que estão à sua volta e tenham o compromisso genuíno de ser agentes ativos de mudança em questões coletivas”, diz Anna Penido, especialista em educação e diretora do Centro Lemann de Liderança para a Equidade na Educação.
Apesar de muitos projetos de transformação social já acontecerem de forma orgânica ou até mesmo estruturada dentro das escolas, é importante que essas práticas sejam destacadas nos documentos educacionais e nos PPPs (Projetos Político-Pedagógicos) como um dos passos de seus planejamentos estratégicos. “Existe um currículo vivo que já acontece dentro das escolas, mas quando explicitamos isso, tiramos da invisibilidade. Saímos do campo do que é permitido para assumir um compromisso”, ressalta Anna Penido.
Ao conectar o empreendedorismo social com a educação, redes, escolas e educadores têm a oportunidade de adotar práticas pedagógicas dinâmicas, ativas e criativas. Entre as diferentes abordagens do campo das metodologias ativas que podem ser usadas para dar vida a um currículo que prevê o empreendedorismo social, vale recorrer à aprendizagem baseada em projetos. “Você não consegue dissociar muito o empreendedorismo do trabalho com projetos”, afirma Débora Garofalo, atual gestora de políticas inovadoras da Secretaria Municipal de São Paulo (SP).
De acordo com Débora, fases como a identificação de uma questão desafiadora, o desenvolvimento de uma estratégia de execução e o aprendizado por meio da experimentação, que estão muito presentes nesse tipo de abordagem pedagógica, também fazem parte do universo do empreendedorismo. “Precisamos dar oportunidade para os estudantes tentarem, errarem e replanejarem.”
A partir do Guia Empreendedorismo Social na Educação, que apresenta referências, recomendações, casos reais e ferramentas, reunimos uma série de dicas para que redes e educadores tenham a oportunidade de adaptar ou construir novas práticas pedagógicas:
Sistematizar e compartilhar boas práticas pedagógicas
Após mapear e valorizar boas práticas de empreendedorismo social desenvolvidas na rede, é fundamental que a secretaria de educação faça a sistematização dessas experiências para que elas possam ser replicadas e adaptadas em outros contextos.
Essas experiências, quando organizadas para consulta, podem inspirar e apoiar professores e escolas, ao mostrar que é possível desenvolver projetos e atividades em diferentes realidades educacionais. Além de servir como um conteúdo inspirador e formador, a construção desse banco de boas práticas de empreendedorismo social também é uma forma de valorizar e estimular o trabalho do professor.
Desenvolver práticas e sequências didáticas conectadas com o currículo
As redes devem oferecer apoio aos gestores escolares, coordenadores e educadores para que eles desenvolvam experiências educacionais inovadoras de empreendedorismo social.
Esse suporte pode vir por meio de formações, experiências, conexão com redes de apoio ou até mesmo a partir da elaboração de sequências didáticas que sirvam de inspiração para os educadores.
Ter altas expectativas
O empreendedorismo social requer abertura à experimentação e ao erro. Para possibilitar que os jovens se sintam seguros na hora de criar e desenvolver seus projetos, é importante demonstrar altas expectativas em relação a todos os estudantes.
Pesquisas na área de educação e neurociência já demonstraram que as expectativas de aprendizagem influenciam nos resultados e nas atitudes dos alunos. Portanto, quando secretarias de educação e escolas confiam e acreditam no potencial dos alunos, eles desenvolvem seus projetos com maior confiança.
Conectar as práticas aos interesses dos estudantes
Independentemente da metodologia ou do processo adotado, é importante que as práticas pedagógicas levem em conta os desafios, os interesses e os projetos de vida dos estudantes. Com esse olhar, os professores começam a identificar quais são as estratégias que podem ser desenvolvidas com sua turma.
Também é relevante que os educadores criem pontos de conexão entre as atividades desenvolvidas e a vida dos estudantes. Por que é importante aprender a trabalhar em equipe? Como essa competência será importante ao longo da vida? Esse tipo de relação ajuda o jovem a encontrar sentido na escola e nos projetos que são apresentados.
Trabalhar com metodologias ativas
Por envolverem os estudantes no processo de construção do conhecimento, as metodologias ativas são grandes aliadas dos educadores para trabalhar o empreendedorismo social. Além de estimular a autonomia e o protagonismo dos jovens, possibilitam aprofundar conhecimentos, trabalhar temas de forma transversal e promover o trabalho em equipe.
Dentro das metodologias ativas, existem inúmeras práticas e abordagens que dialogam com a proposta de abordar o empreendedorismo social e estimular que os estudantes sejam agentes de transformação em suas comunidades. Entre elas, estão design thinking, ensino híbrido, sala de aula invertida, STEAM, maker e aprendizagem baseada em projetos.
O Guia Empreendedorismo Social na Educação também apresenta uma série de ferramentas pedagógicas. Clique aqui para acessar
Fonte: Portal Porvir - Vinícius de Oliveira