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Que tal fazer anotações diárias para ampliar a conexão com os alunos?

Refletir sobre algumas perguntas a cada dia pode ajudar os professores a garantir que interajam regularmente com toda a turma

Seus alunos começaram a ir para casa, e a sala de aula finalmente ficou quieta. Você arruma as mesas, raspa os restos de peixinhos dourados no tapete, esvazia uma lancheira restante para tirar o cheiro de leite azedo. Então, você nota que não tem certeza se conversou com o aluno que deixou essa lancheira para trás. Nem um pouco. Talvez você o tenha cumprimentado na porta, talvez tenha dado um toque de mãos quando saíram. Essencialmente, ele passou despercebido por você durante o dia. Será que a mesma coisa aconteceu ontem?

A vida em uma escola de educação infantil e de anos iniciais do ensino fundamental é caótica e acelerada. Alguns alunos são especialistas em chamar sua atenção. Outros, em evitá-la, e alguns não têm certeza do que está acontecendo; eles querem pertencer, mas não sabem como. Um simples processo pode ajudá-lo a notar suas conexões com todos regularmente.

Uma prática de diário ajuda a facilitar as conexões com os alunos

No início da minha carreira, fiz um curso que exigia apontar tarefas em diários todos os dias por cinco minutos ou menos. Sem contagem de palavras, sem número de linhas determinado. Apenas cinco minutos para fazer um simples esboço do dia. Levou apenas uma semana para eu perceber que essa atividade guardava um poder. Comecei a fazer anotações mentais sobre coisas que as crianças faziam ou diziam que eu queria capturar. Como quando ouvi dois alunos do ensino médio lendo uma redação, e um disse: “Cara, você já ouviu falar de pontos finais? Eles tornariam isso mais fácil de ler.” Revisando as anotações feitas, imediatamente ficaram evidentes padrões nas minhas ações e nas dos estudantes.

Há perigos aqui, porém. Como qualquer reunião sem uma pauta, essa prática pode se desviar para lugares difíceis. Sem estrutura, os tópicos sobre os quais eu escrevia ficaram presos, muitas vezes em lugares que eu não queria visitar. Não me fez (e nem aos meus alunos) nenhum bem ficar remoendo as mesmas queixas e desconfortos todos os dias: a falta de tempo para ir ao banheiro, o currículo irritante, o aluno que falava por cima de mim não importava o que eu fizesse.

Apesar disso, eu estava comprometida. As possibilidades pareciam grandes e eu queria fazer essa prática funcionar. Então, desenvolvi um conjunto de cinco sugestões para focar minha linha de raciocínio. Quando tratei de cada uma delas durante uma semana ou duas, encontrei novas maneiras de ver minha vida de ensino. Eu usei cinco perguntas orientadoras que me ajudaram.

Pergunta 1: Quem me surpreendeu hoje?

Surpresas inundam as salas de aula até o teto. Nunca sabemos quando uma delas vai importar. Com o tempo, você pode perceber um padrão de surpresas sobre um aluno específico, um horário específico do dia ou um tipo específico de instrução. Uma vez que você veja os padrões, pode investigá-los intencionalmente.

Por exemplo, recentemente notei que um aluno ficava surpreendentemente mal-humorado depois do recreio. Mais tarde, descobri que algo havia acontecido no parquinho que tinha deixado o aluno infeliz, e resolvemos o problema juntos.

Pergunta 2: O que aprendi de novo sobre (nome do aluno) hoje?

Isso pode ser assustador. Para mim, os mesmos alunos apareciam nesta seção várias vezes. Para garantir que eu saísse da minha zona de conforto, usei o gerador de nomes aleatórios do ClassDojo (um gerador aleatório que te ajuda a sortear um aluno, sem necessitar de recorrer aos métodos antigos, que pode ser usado em uma tarefa ou quando precisar de um “voluntário”.)

Não havia mais o que esconder. Em quem eu estava focada e por quê?

Pergunta 3: Quem aprendeu algo hoje e o que foi?

Os alunos aprendem conteúdo. Os alunos aprendem habilidades sociais. Os alunos também podem aprender que são invisíveis com base em se interajo com eles ou não. Eles aprendem sobre o que me importo. Quero que meus alunos tenham acesso igual ao aprendizado produtivo.

Então, quando respondo a esta pergunta, consigo ver se isso está acontecendo. Quando vejo uma lacuna de aprendizagem, posso reconhecê-la e trabalhar para resolvê-la.

Pergunta 4: Que conversa evitei hoje?

Esta pergunta foi a mais transformadora. Uma das coisas que evito é um registro da minha incompetência percebida. Posso passar horas falando sobre um aluno ou material didático, especialmente se sentir que é algo que não posso controlar. Admiração por problemas, afinal, é fácil. Contudo, a conversa que paira nas bordas da minha mente, que nunca se concretiza mas nunca desaparece, é essencial.

Com esta prática, pude notar, aceitar e depois abordar conversas difíceis (como quando um aluno estava isolando colegas ao pedir repetidamente guloseimas para eles, ou quando outro professor estava reclamando do comportamento de um estudante sem considerar seu próprio papel no problema). Na maioria das vezes, essas conversas foram com os outros adultos ao meu redor, tanto colegas de trabalho quanto cuidadores, embora os alunos também possam ser parceiros de conversa.

Pergunta 5: O que vou lembrar deste dia?

Uma vez tive um aluno que disse: “Tenho uma boa e uma má notícia. A má notícia é que todos vamos morrer. A boa notícia é que é sexta-feira de pizza.” A vida dos professores é uma coleção de momentos em que os alunos investigam diretamente o significado de tudo. Ao reunir esses momentos, descubro a alegria que meu trabalho merece. Obviamente, algumas lembranças são pesadas, e eu gostaria de deixá-las para trás. No entanto, ao abraçar essas lembranças, sou lembrada do equilíbrio que faz da nossa profissão algo tão único e encantador.

Escreva porque vale a pena

Mas por que escrever? Sabemos de seu poder para nossos alunos. A escrita requer o compromisso e a precisão que falar não exige. Diz: “Isso é o que eu pensei, e quero preservá-lo.” Nossas vidas e ideias importam, e as preservamos e entendemos por meio de palavras. Não estou dizendo que é fácil. Nenhum escritor jamais disse isso. Mas qualquer escritor lhe dirá que vale a pena. Não podemos ajudar nossos alunos por meio do abismo entre o desafio e a recompensa sem que nós mesmos o enfrentemos. Planejar essa travessia com intencionalidade garante que não hesitaremos. Professores precisam se tornar escritores. Devemos isso aos nossos alunos.

Novamente, escolha uma pergunta por dia e dedique cinco minutos para escrever. Ao final de cada semana, revise o que você escreveu em busca de tendências. É menos complexo do que qualquer outra metodologia de desenvolvimento profissional. Um lembrete final: ninguém “encontra” tempo para escrever. O tempo não se esconde atrás de uma pilha de papéis, nem cairá em seu colo. Investimos intencionalmente nesse recurso precioso. Podemos reivindicar o tempo, ficar em cima daquele pequeno pedaço de nós mesmos e segurar firme. Faz parte do nosso crescimento como profissionais e pessoas: esse crescimento é inegociável. Afinal, não é exatamente essa a dedicação que esperamos ver em nossos alunos?

*Publicado originalmente em Edutopia e traduzido mediante autorização © Edutopia.org; George Lucas Educational Foundation

Fonte: Portal Porvir - Marie Ryan McMillan, do Edutopia

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