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Reduzir expectativas ajuda o professor a diminuir o estresse?

Estabelecer expectativas realistas e praticar a autocompaixão, tratando a si mesmos com a mesma gentileza que o faz com os alunos e colegas, pode ser um dos caminhos para educadores se sentirem mais felizes na escola

Muitos dos professores altamente habilidosos e apaixonados com quem trabalho exigem demais de si mesmos. Eles oferecem compaixão, gentileza e empatia aos alunos, famílias e colegas, mas costumam ser bastante críticos em relação ao seu próprio trabalho.

Abaixo, reuni algumas ideias sobre como os educadores, especialmente aqueles que estão começando em sala de aula, podem praticar a autocompaixão para direcionar a gentileza para si mesmos, diminuindo a ênfase no perfeccionismo, e como isso pode contribuir para que sintam mais alegria no ambiente escolar.

Olhe para si mesmo

Quando sentir que não está fazendo o suficiente, imagine como você responderia a um bom amigo na mesma situação. Dê a si mesmo palavras gentis e encorajadoras que você ofereceria a essa pessoa.

Ao aconselhar isso, percebemos uma mudança: as pessoas passam a entender que nenhum de nós é perfeito. Ao ter autocompaixão, trabalhamos de forma mais eficaz com as ferramentas que temos em nosso repertório e servimos melhor aos alunos. Desenvolvemos expectativas mais razoáveis para nós mesmos.

Aplicar essa estratégia pode significar escrever em um diário, deixar notas encorajadoras para si mesmo ou identificar sinais no ambiente que desencadeiam uma reformulação cognitiva – como substituir pensamentos negativos por algo positivo toda vez que você verificar o e-mail ou esvaziar a lixeira, por exemplo. Eu coloco um Post-it na minha porta ou na tela do meu computador que me lembra da minha intenção, com uma citação positiva e significativa. Também tento sorrir ou dar um “high-five” (bater a palma aberta das mãos) para mim mesma ao me olhar no espelho, assim como faria ao cumprimentar um colega ou aluno para comemorar. Incorporar essas estratégias à sua rotina pode ajudar a solidificar uma narrativa de apoio a si mesmo.

Cuide do seu corpo para se sentir melhor emocionalmente

Afaste-se do trabalho por alguns minutos para almoçar. Pegue um pouco de sol. Beba água. Saia para uma caminhada rápida, ou faça o caminho mais longo ao se deslocar entre as salas de aula. Respire fundo.

É incrível como esses pequenos atos de autocuidado ajudam a redefinir nossa energia e nos permitem estar mais presentes com nossos alunos.

Conecte-se com os outros

Esteja aberto para expor suas emoções: conte a um amigo ou um colega de confiança como você está se sentindo.

Absorva a atenção e o amor deles. Observe os outros e perceba que você não está sozinho quando nota que há tanto a fazer. Fazer isso pode nos ajudar a nos sentir em comunidade, identificando nossas experiências comuns.

Um dos meus objetivos contínuos é ser sensível, ao mesmo tempo em que estou consciente de quando desabafo. Eu me esforço para não cair em um ciclo de pensamentos negativos que se intensifica e não é produtivo, porque, quando faço isso, posso começar a contar uma história baseada na minha percepção em vez do que realmente está acontecendo. Estou trabalhando para interromper meus desabafos e considerar que ação posso tomar ou como posso encarar um problema como um ‘desafio a ser explorado’ para me manter curioso.

Por exemplo, quando me senti cansada indo para uma reunião durante um período particularmente ocupado, conversei com um colega de confiança que me deu espaço para expressar meu desejo de me apresentar de maneira diferente. Cheguei à conclusão de que, em vez disso, adotaria a postura de “curioso e compassivo”, o que significava que eu entraria na reunião sentindo curiosidade sobre o que poderia aprender com os outros e compaixão pelo fato de que todos estávamos cansados, mas comprometidos com nosso objetivo comum.

Além disso, recentemente ministrei uma aula para a qual os professores foram convidados a observar. Não foi perfeita e, em vez de cair nas dúvidas e autocríticas, disse aos meus colegas o quanto estava nervosa. Admitir minha fragilidade me permitiu deixar de lado essa autocrítica negativa e focar no retorno avaliativo deles, que incluía muitos aspectos positivos, bem como ideias interessantes para práticas futuras.

Novamente, demonstrar sensibilidade e curiosidade me ajudou a adotar uma mentalidade de aprendiz.

Desacelere para planejar

Este ano, desenvolvi um mantra. Quando me sinto preocupado durante o fim de semana, eu digo “preocupação com o trabalho” ou “Maravilha relacionada ao trabalho”, e então guardo o pensamento (ou anoto para lembrar na segunda-feira) e sigo em frente com o meu dia.

A realidade é que as preocupações são sobre o desconhecido, e embora muitas vezes sejam válidas, não podemos prever o que acontecerá. Em vez disso, eu me digo que posso usar o tempo durante a semana de trabalho para planejar e me preparar. Posso antecipar estratégias, perguntas e ferramentas úteis em uma aula ou conversa. Posso reservar um tempinho antes de uma aula para definir uma intenção de desacelerar, articular meu “porquê” e ser responsivo às experiências dos participantes. Posso escrever um lembrete nos meus planos ou no meu computador para respirar caso me sinta estressada. Posso me dizer: “Essa emoção (ou conflito) vai passar.”

Reflita e escreva

Escrever ajuda a tirar de nosso peito as tarefas a fazer, preocupações e autocrítica – e muitas vezes pode nos ajudar a deixar de lado pensamentos negativos, ao menos momentaneamente. Quando fazemos isso, somos capazes de ser mais criativos e abertos a novas ideias e estratégias.

A reflexão apoia a aprendizagem, especialmente quando consideramos e imaginamos o que poderíamos fazer de forma diferente no futuro. Se estou sendo muito dura comigo mesma por causa de uma aula que não foi minha melhor ou porque esqueci algo durante um workshop de aprendizagem profissional, imagino como eu “refaria” aquele momento.

Essa estratégia me ajuda a ensaiar quaisquer reformulações de linguagem e a coreografar diferentes movimentos de ensino que posso fazer da próxima vez. Eu elaboro soluções a partir de um lugar positivo de criatividade, o que energiza meu lado artístico e me fornece um banco de ideias para utilizar no futuro.

Estabeleça e mantenha expectativas razoáveis

Quando dedicamos tempo para nos cuidar, sentimos mais autocompaixão. Isso nos permite estar mais presentes para nossos alunos e colegas, com expectativas razoáveis de nós mesmos. Também serve de exemplo para os estudantes de como eles podem se cuidar, o que faz parte da condição humana e é fundamental para o crescimento social e emocional deles.

Embora muitos de nós sejamos muito críticos conosco mesmos, também estamos aprendendo a ser mais sensíveis um com o outro como aprendizes – o que leva a conexões mais profundas.

*Publicado originalmente em Edutopia e traduzido mediante autorização © Edutopia.org; George Lucas Educational Foundation

Fonte: Portal Porvir - Kathy Collier, do site Edutopia

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