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Webinário do Porvir traz recomendações para gestores sobre uso de celular na escola

Mediado por Tatiana Klix, diretora do Instituto Porvir, webinário debateu a presença de celulares na educação, os desafios da restrição de uso e como integrar a tecnologia móvel ao currículo de forma pedagógica

O cenário envolvendo o uso de celulares no ambiente escolar ainda é bastante nebuloso. Se a gestão decidir bani-los, quais serão os impactos dessa medida? Para discutir esse tema, o Porvir promoveu na noite de ontem o webinário “Celular em sala de aula: A partir da proibição, quais são os desafios?”.

Os desafios são muitos. Daniela Costa, educadora com experiência na educação infantil e ensino fundamental, desenvolvimento de materiais didáticos e cursos para professores. Foi consultora da UNESCO Brasil e atualmente coordena o projeto TIC Educação do Cetic.br, relembrou que o uso de celulares, em alguns locais do país, se dá devido à falta de tablets ou computadores. Nesses casos, os telefones servem como dispositivos pedagógicos. 

Ela também lembrou dados da TIC Educação 2022: As escolas que não tinham computadores, 55% usavam o smartphone em atividades pedagógicas. Nos casos de escolas em áreas rurais, por exemplo, 14% dos docentes também realizavam atividades utilizando os aparelhos. A especialista ressaltou que é necessária uma reflexão, pois há prós e contras que não podem ser ignorados. 

Daniela também apontou que o uso eficaz de celulares depende muito de projetos estruturados, com foco na aprendizagem e na participação ativa dos alunos na escolha de ferramentas. 

Um exemplo prático 

Letícia Lyle, diretora da Camino School e conselheira do Porvir, compartilhou que na escola onde atua os celulares já são proibidos. Desde o retorno às atividades presenciais, após a pandemia de COVID-19, os estudantes deixam os smartphones na entrada.

“Entendemos que um dos maiores fatores que precisávamos trabalhar era a socialização, como eles interagiam entre eles depois da pandemia”, afirmou. Ela pontuou que a proposta, para aquele momento, foi de uma interação mediada.

Mesmo após esse período de retorno ao presencial, a educadora acredita que os celulares não devem fazer parte do cotidiano dos estudantes. Como comparação, ela apontou que oferecer celulares para crianças é o mesmo que entregar cigarros ou álcool. “Eles ficam viciados (…) Dentro da escola, precisamos pensar no que é benéfico em termos de sociabilidade e o que devemos preservar”, afirma a diretora.

Ela levantou a reflexão de que os níveis de ansiedade dos estudantes aumentam devido ao uso excessivo de redes sociais e celulares. Além da escola, é importante que a família contribua com essa realidade, estendendo as práticas educativas da escola para o lar.

Nessa linha, Luís Laurelli, do isaac, plataforma de soluções financeiras feita para escolas, destacou a importância de estabelecer um diálogo claro e aberto com as famílias. Ele argumenta que a escola deve ir além da proibição, promovendo o uso crítico e ético das tecnologias digitais, preparando os alunos para serem cidadãos conscientes na era digital.

A proibição, na minha opinião, não educa. Sei que as pessoas estão muito preocupadas e tentando fazer o melhor e encontrar a melhor solução, mas não é educativo” - Luís Laurelli, isaac educação

Letícia acrescentou que não se arrepende da decisão de retirar os celulares da escola. No entanto, é necessário criar outras oportunidades de engajamento. “Precisamos oferecer algo igualmente engajador. Temos que pensar no uso do espaço, em como as aulas podem ser mais ativas, o que precisamos reconectar…”, afirmou Lyle.

Daniela destacou que uma opção é convidar a turma para pensar em atividades em conjunto com o professor. “A melhor forma de integrar é realmente pensar em projetos interessantes e participativos para os estudantes, envolvendo-os na escolha das melhores ferramentas, no desenvolvimento dessas atividades mais efetivas e interessantes, e levando-os a refletir sobre os riscos e oportunidades”, afirmou.

8 ideias sobre o uso de celular na escola

Com base nos insights do webinário “Celular em sala de aula: a partir da proibição, quais os desafios?”, aqui estão 10 recomendações para gestores escolares sobre a restrição ou uso do celular na escola:

1. Desenvolver políticas claras e consistentes

Estabelecer regras claras sobre o uso de celulares na escola, que sejam comunicadas de maneira eficaz a alunos, pais e professores, garantindo que todos estejam cientes e compreendam as diretrizes.

2. Promover o uso pedagógico do celular

Integrar o celular como ferramenta educacional, especialmente em contextos de exclusão digital, onde o acesso a outros dispositivos é limitado. Encorajar o uso do celular para atividades pedagógicas, pesquisa e aprendizado colaborativo.

3. Educar sobre cyberbullying e uso seguro

Com ou sem celular, é necessário implementar programas de conscientização sobre os riscos do cyberbullying e uso inadequado de celulares. Oferecer apoio e orientação aos alunos para o uso seguro e ético das tecnologias digitais.

4. Estabelecer atividades atrativas

Oferecer atividades e programas extracurriculares que incentivem a interação social e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, diminuindo a dependência dos alunos em relação aos celulares.

5. Trabalhar em parceria com as famílias

Manter um diálogo aberto e contínuo com os pais, envolvendo-os nas discussões sobre o uso de celulares e buscando seu apoio para implementar políticas eficazes.

6. Formação para professores

Com ou sem celular, investir na capacitação de professores para o uso eficiente e pedagógico dos celulares em sala de aula, promovendo práticas que integrem a tecnologia de forma significativa no currículo.

7. Monitorar e avaliar impactos

Realizar pesquisas e avaliações periódicas sobre o impacto das políticas de uso de celular na escola, ajustando as estratégias conforme necessário para atender às necessidades dos alunos e da comunidade escolar.

8. Criar espaços e momentos livre de tecnologia

Designar horários e áreas específicas em que o uso de celulares seja proibido, incentivando os alunos a se engajarem em atividades offline e a fortalecerem suas habilidades sociais e interpessoais.

Fonte: Portal Porvir - Redação

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